SOBRE O EVENTO
A Califórnia da Canção Nativa é um evento artístico musical que ocorre no Rio Grande do Sul desde 1971, considerada patrimônio cultural do Estado, sendo modelo de divulgação da música regional gaúcha.
Ocorrendo durante o ano provas eliminatórias em diversas cidades gaúchas, e por fim, após a triagem de mais de 500 músicas, as finais ocorrem na cidade de Uruguaiana, fronteira oeste do Rio Grande do Sul, onde, conforme o grau de vitórias, é concebido o prêmio máximo: a Calhandra de Ouro.
História
O evento surgiu em 1971 em meio aos anos de chumbo, reunindo as mais diversas variações musicais nativas do Rio Grande do Sul organizada pelo CTG Sinuelo do Pago e prefeitura municipal, ambos de Uruguaiana. Inicialmente, sua primeira edição não teve tanta repercussão porém, algumas edições tiveram mais de 60 mil pessoas e atualmente é o maior evento cultural regional do Brasil.
Conforme Cícero Galeno Lopes, em artigo publicado no livro RS índio: cartografia sobre a produção do conhecimento, Leopoldo Rassier pealou a censura ao cantar a música Tema de marcação, (poema de Luiz Coronel musicado por Marco Aurélio Vasconcellos), no festival de 1975, através de uma ambiguidade entre dois personagens históricos: o lunar de Sepé Tiaraju e a estrela de Che Guevara, já que ambos lutaram por liberdade, tinham “uma estrela na testa” e foram “pra baixo desse chão”. Além de Rassier (que compunha militância no Partido Comunista Brasileiro), diversos membros do Movimento Tradicionalista Gaúcho eram esquerdistas e compunham letras de crítica a Ditadura Militar Brasileira.
O Nome "Califórnia"
A palavra Califórnia já era conhecida no Rio Grande do Sul desde suas origens. Em meados do século XIX foram famosas as Califórnias do Chico Pedro. Foi Garci Rodríguez de Montalvo o criador da palavra, pelos anos 1500, quando escreveu a famosa novela Las sergas de Esplandián. Os eruditos ainda disputam sobre a etimologia da palavra, a Academia inclinada a propugnar como sendo derivado de Califa. Entre os gaúchos, o termo Califórnia evoluiu de conceito, significando a “carreira de que participam mais de dois parelheiros” (Dicionário de Regionalismos do Rio Grande do Sul, de Zeno Cardoso Nunes e Rui Cardoso Nunes). Nessa acepção pode-se encontrar a seguinte passagem em Alcides Maia: “(…) Acabavam de correr uma califórnia: levava-a de pescoço um potrilho pangaré” (Alcides Maia, Ruínas Vivas, 1910). Como o festival de música gaúcha era também uma disputa entre melhores, e por ser as califórnias uma característica genuinamente gaúcha, por extensão, o festival ganhou esse epíteto.
Calhandra de Ouro
O trófeu Calhandra de Ouro foi concebido pelo artista plástico e compositor Paulo Ruschel. É o prêmio máximo da Califórnia da Canção Nativa, ficará na posse de quem for vencedor três vezes consecutivas ou cinco alternadas o festival. Os finais ocorrem tradicionalmente em Uruguaiana, Rio Grande do Sul.
A Calhandra, um pássaro que simboliza a autenticidade, a elegância, a humildade e a liberdade, pois não suporta o cativeiro. De belo canto, amigo do gaúcho e íntimo das casas de estâncias e dos fogões; imitador do canto de outros pássaros e responde ao assobio do homem.
Presidentes
– 1ª a 3ª Edição – 1971 – 1973
Henrique Dias de Freitas Lima
– 4ª a 6ª Edição – 1974 – 1976
Colmar Pereira Duarte
– 7ª a 9ª Edição – 1977 a 1979
Mauro Dante Aymone Lopes
– 10ª a 11ª Edição – 1980 – 1981
Carlos Alberto da Rosa
– 12ª a 14ª Edição – 1982 a 1984
Ricardo Pereira Duarte
– 15ª a 16ª Edição – 1985 – 1986
Nelson José Pereira da Silva
– 17ª a 19ª Edição – 1987 a 1989
Lourival Araújo Gonçalves
– 20ª Edição – 1990
Mauro Dante Aymone Lopes
– 21ª Edição – 1991
Carlos Alberto da Rosa
– 22ª Edição – 1992
Luiz Machado Estábile
– 23ª a 25ª Edição – 1993 – 1995
José Mário Rodrigues de Freitas
– 26ª Edição – 1996
José Antônimo Marques Fagundes
– 27ª a 28ª Edição – 1997 – 1998
José Mário Rodrigues de Freitas
– 29ª a 32ª Edição – 1999 – 2003
Lourival Araújo Gonçalves
– 33ª Edição – 2004
Júlio Machado da Silva
– 34ª Edição – 2005
– 35ª Edição – 2007
– 36ª Edição – 2009
– 37ª Edição – 2013
Maurício Castanho Vidal
– 38ª Edição – 2014
– 39ª Edição – 2015
– 40ª a 44ª Edição – 2018 – 2022
Luiz Machado Estábile